Lembro-me do que relatarei como momentos dos mais notáveis em minha infância, . Importante notar que durante minha préadolescência e juventude, não me recordava destes fatos, que pude apenas relembrar há alguns anos, em minhas divagações sobre minha infância.
Bem, vamos lá!
Havíamos a pouco mudado para a rua Uaimaré, no bairro do aeroporto, em São Paulo. Meu Pai estava retomando a oficina de construção de harpas, e nossa situação financeira não era favorável. Lembro-me de meu pai chorando na cozinha, por não termos o que comer, no que acudiu-nos a providência e fomos ajudados por parentes próximos. Minha família era pouco religiosa a época.
Dificilmente conseguirei exprimir o que realmente se sucedia comigo, mas me deterei a dizer que por volta dos 5 anos de idade, assolava-me a certeza que algo de diferente estava acontecendo comigo, mas não naquele momento, mas sim que eu estava me dando conta do que teria me acontecido... Sentia que coisas haviam acontecido comigo em passados anteriores à idade que tinha, e eu não entendia.
Honestamente, não saberia dizer hoje do que realmente me lembrava, mas relato um fato intrigante que ocorreu; lembro-me perfeitamente.
Por volta dos cinco anos, num dia em casa, ao refletir sobre a sensação que eu trazia, das lembranças, fizei-me num repente na seguinte idéia: precisava falar com Chico Xavier! Pediria a minha mãe para me levar até ele, e ele saberia como resolver tudo... Não havia nenhum espírita em casa como nunca veio a existir de fato além de mim; minha mãe era à época protestante recém-convertida e meu Pai católico não praticante. Poderia eu até ter ouvido falar de Chico, mesmo pela televisão, pois hoje imagino que a propaganda de seus feitos estava no auge no final da década de 70, começo de 80, mas a idéia que deveria encontrá-lo era algo indescritível para mim em palavras. Era como se de repente tivesse achado a chave de um mistério, aquele que saberia ou já sabia o que se passava comigo naqueles dias. Pelo que me recordo não cheguei a expressar o desejo a minha mãe, e guardei comigo este e meu estado de pensamentos.
O encontro físico com Chico nunca aconteceu, desencarnando ele no ano em que eu me reencontrava com a doutrina espírita nesta vida. Li muito sobre a vida dele desde então, e conversei com aqueles que puderam estar com ele; por fim, ele me ajudou no fim, com suas mensagens e livros intermediados, que me explicaram e confortaram minhas angústias. O admiro como um grande instrutor do amor e por ele tenho carinho inestimável, como se fora um amigo querido meu.
Mas aquele desejo em meu coração permaneceu e hoje se transformou em uma recordação que guardo de sua doce figura, que impregnou minha infância como, naqueles dias, um porto seguro amigo.